segunda-feira, 30 de junho de 2014

Aécio busca vice em São Paulo

     O senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, anunciou na manhã de hoje que seu vice será o também senador Aloysio Nunes (PSDB), de São Paulo, um nome de confiança de José Serra (PSDB). Será uma chapa puro-sangue, totalmente tucana. É fato que a escolha de Nunes deve-se, em parte, ao fato de que Aécio não conseguiu trazer para seu lado, oficialmente, os partidos que gostaria de ter em sua aliança, como o PP - embora essa legenda esteja literalmente rachada em todo o país. Aqui mesmo, em Minas, o governador Alberto Pinto Coelho, aliado de Aécio, é do PP.
     Mas a escolha de Nunes tem também um forte componente estratégico: traz para Aécio as principais lideranças tucanas de São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Dessa forma, o senador mineiro se fortalece nos três grandes colégios eleitorais brasileiros - São Paulo, Minas e Rio, estado onde fará aliança com o governador Pezão, do PMDB - partido que, em plano nacional, apoia a presidente Dilma Rousseff (PT).
Transcrevo, abaixo, post publicado neste blog em 12 de maio, ressaltando as nuances que regem a escolha dos vices.

     "Se Aécio tiver como vice um nome forte e com penetração em São Paulo, trará para si os dois maiores colégios eleitorais do país (São Paulo e Minas Gerais, respectivamente), aumentando suas chances nas eleições. Se o tucano tiver forte votação nesses dois estados, dificilmente deixará de ir ao segundo turno. E terá o PSDB realmente unido em torno de seu nome.
     A estratégia dos vices é vital para as chances de vitória numa eleição presidencial. Usa-se o cargo para atrair um partido ou uma determinada região.
     Tancredo Neves trouxe José Sarney como vice para aplacar os atritos com a ala mais dura dos quartéis. Collor buscou Itamar Franco para ganhar penetração em Minas Gerais e legitimar seu nome no meio político. Fernando Henrique Cardoso buscou seus vices no Nordeste para se fortalecer na região. Lula foi atrás de José Alencar para selar a aliança entre capital e trabalho e se fortalecer em Minas. A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, correu atrás de um vice do PMDB para contar com a sigla na base aliada e ganhar tempo precioso na TV. Se fechar com algum político paulista como vice, Aécio poderá desagradar um ou outro partido ou aliado, mas terá um cenário eleitoral favorável.
     Dificilmente o tucano conseguirá grande votação no Nordeste, área dominada pelo Bolsa Família do PT e região do governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB). Já num eventual segundo turno com Dilma, a coisa mudaria de figura. Aécio provavelmente teria o apoio de Campos e, consequentemente, mais votos no Nordeste. No Sul do país, a situação se embaralha. Embora seja mineira de nascimento, a presidente Dilma Rousseff (PT) é gaúcha de história e coração e deverá liderar a votação na região.
    Por isso, Aécio precisa de São Paulo. Precisa dos eleitores de São Paulo. Precisa do PSDB unido em torno de seu nome. E o PSDB, por sua vez, terá nessa eleição uma chance real de vitória, já que a avaliação do governo da presidente Dilma está arranhada. O tucano ainda tem um mês para costurar o nome do vice. Dilma também, mas permanece amarrada no PMDB. E Campos já tem uma vice, Marina Silva. O jogo está interessante."

    Agora, os times estão completos: Nunes é o vice de Aécio, Michel Temer é o de Dilma, e Marina Silva a de Eduardo Campos. O jogo vai começar realmente.

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