sábado, 14 de junho de 2014

Quem tem olhos, que veja.

     Vejo pessoas xingando uma presidente.
     Vejo uma turba enraivecida nas ruas.
     Vejo uma turba tola xingando quem xinga.
     Vejo quem deveria acender a luz perdido nas trevas.
     Vejo uma elite encastelada em palácios governamentais xingando uma elite branca.
     Vejo máscaras.
     Vejo bombas.
     Vejo discursos tolos de quem deveria iluminar caminhos.
     Vejo cientistas políticos em campanhas abertas contra pessoas, esquecendo que a vaidade não é boa conselheira para cientistas que se dizem cientistas.
     Vejo linchamentos.
     Vejo omissão.
     Vejo companheiros protegendo companheiros como se essa nação pertencesse a companheiros.
     Vejo uma elite encastelada em condomínios luxuosos, com medo do que acontece fora de seus castelos medievais.
     Vejo roubo, corrupção, ladrões.
     Vejo a vida banal.
     Vejo futilidade, tolices, vaidades ensandecidas pela mídia rápida e momentânea.
     Vejo ausência de inteligência.
     Vejo gente dando pitaco sobre tudo como se tudo tivesse uma importância transcendental.
     Vejo gente que se omite.
     Vejo gente morta andando em festas chiques.
     Vejo, principalmente, gente tentando viver e sobreviver.
     Tudo que vejo, na verdade, é o nascimento real de uma nação.
     Quinhentos anos depois, o Brasil está desperto.
     Quinhentos anos depois, o Brasil quer achar sua cara.
     Não há heróis, muito menos super heróis.
     Há muitos bandidos, como em todos os lugares.
     Há tolos, vaidosos, omissos, cegos, surdos, mancos, pardos, negros, brancos.
     Há gente.
     Há um país nascendo.
     E todo parto tem sua dor.
     

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