Reza a lenda política ser o ex-presidente Getúlio Vargas (foto) o autor da seguinte frase: "Na política, não faça amigos dos quais não possa se afastar, nem inimigos dos quais não possa se reaproximar".
A frase cai como luva no momento em aumentam as especulações sobre o nome do ex-ministro e ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), como vice do senador mineiro Aécio Neves (PSDB) na disputa presidencial. Aécio e Serra travaram no passado disputas pesadas pelo controle do partido e tiveram as relações estremecidas. Mas, seguindo a sabedoria de Getúlio Vargas, parecem dispostos a se aproximar.
É uma equação interessante. Se Aécio tiver como vice um nome forte e com penetração em São Paulo, trará para si os dois maiores colégios eleitorais do país (São Paulo e Minas Gerais, respectivamente), aumentando suas chances nas eleições. Se o tucano tiver forte votação nesses dois estados, dificilmente deixará de ir ao segundo turno. E terá o PSDB realmente unido em torno de seu nome.
A estratégia dos vices é vital para as chances de vitória numa eleição presidencial. Usa-se o cargo para atrair um partido ou uma determinada região.
Tancredo Neves trouxe José Sarney como vice para aplacar os atritos com a ala mais dura dos quartéis. Collor buscou Itamar Franco para ganhar penetração em Minas Gerais e legitimar seu nome no meio político. Fernando Henrique Cardoso buscou seus vices no Nordeste para se fortalecer na região. Lula foi atrás de José Alencar para selar a aliança entre capital e trabalho e se fortalecer em Minas. A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, correu atrás de um vice do PMDB (fosse ele quem fosse) para contar com a sigla na base aliada. Se fechar com algum político paulista como vice, Aécio poderá desagradar um ou outro partido ou aliado, mas terá um cenário eleitoral favorável.
Dificilmente o tucano conseguirá grande votação no Nordeste, área dominada pelo Bolsa Família do PT e região do governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB). Já num eventual segundo turno com Dilma, a coisa mudaria de figura. Aécio provavelmente teria o apoio de Campos e mais votos no Nordeste. No Sul do país, a situação se embaralha. Embora seja mineira de nascimento, a presidente Dilma Rousseff (PT) é gaúcha de história e coração e deverá liderar a votação na região - ou, pelo menos, no Rio Grande do Sul.
Seja como for, a simples reaproximação entre Aécio e Serra já é uma boa notícia para o mineiro. Aécio precisa de São Paulo. Precisa dos eleitores de São Paulo. Precisa do PSDB unido em torno de seu nome. E o PSDB, por sua vez, terá nessa eleição uma chance real de vitória, já que a avaliação do governo da presidente Dilma está arranhada. O tucano ainda tem um mês para costurar o nome do vice. Dilma também, mas permanece amarrada no PMDB. E Campos já tem uma vice, Marina Silva. O jogo está interessante.
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