O Brasil poderia estar crescendo em ritmo bem mais acelerado que o atual se o governo não estivesse passando por um momento de extrema indefinição e não tivesse burocratizado tanto o crédito. Quem garante é a diretora da área internacional do Banco Bonsucesso, Juliana Guimarães (foto). A instituição mineira tem, como principais mercados, o crédito consignado e crédito para pequenas e médias empresas (middle market).
A indefinição da política econômica e industrial e as incertezas quanto aos rumos da economia, segundo Juliana, acabam travando os investimentos das grandes empresas brasileiras, como Vale e Petrobras, e de setores importantes, como a construção civil. Por tabela, afetam as pequenas e médias empresas que prestam serviços para essas gigantes, aumentando a inadimplência no setor. Com a inadimplência, o crédito fica mais restritivo, criando um círculo vicioso - e perigoso. "Os bancos viram a inadimplência crescer nos últimos três anos, principalmente em 2013, quando as pequenas e médias empresas apostaram muito no país e tivemos um crescimento pífio. Por isso, o crédito está mais restrito", diz.
Apesar de tudo, o Bonsucesso continua apostando nos segmento de consignado ("hoje um mercado de gente grande", diz Juliana) e middle market. A principal arma do banco nesses segmentos são os cartões - instrumento ainda inexplorado pelas grandes instituições financeiras do país."Nossa expectativa de expansão firme está na plataforma de cartões, onde a concorrência é bem menor", afirma a diretora. Desde 2010, o crescimento do banco nesse setor tem sido de dois dígitos. No ano passado, foi de 11%.
Na área de pessoa física (PF), o banco oferece cartão de crédito consignado em folha para servidores públicos, com comprometimento máximo de 10% da renda e juros 50% menores que os cartões tradicionais. A carteira do banco nesse segmento já é de R$ 500 milhões.
Mas, ainda para PF, a grande sacada do banco foi o cartão de crédito pré-pago, o Meo Cartão, em parceria com a RÊV Worldwide e Mastercard. Funciona como um cartão pré-pago de celular: o cliente não precisa comprovar renda e recarrega o cartão com o valor que escolher. É usado principalmente para compras na internet, mercado que movimenta cerca de R$ 23 bilhões no Brasil. O tíquete médio de recarga tem sido de R$ 360.
"O motivo do mercado de pré-pago para celular ser um sucesso é que a pessoa sabe quanto vai gastar. Isso também explica o sucesso do cartão de crédito pré-pago.E é ainda uma forma de inclusão social", diz Juliana. O banco já vendeu quase 100 mil cartões de crédito pré-pago.
A outra sacada do Bonsucesso para desburocratizar o crédito é o cartão Giro Certo, em parceria com a Visa. Com ele, micro e pequenos empresários conseguem antecipar recebíveis em 24h - ou seja, não precisam esperar um mês, como nos cartões tradicionais. "Conseguimos ver a agenda de recebíveis do cliente e antecipar a ele o valor no dia seguinte. Se ele usar o cartão na função crédito, o juro é zero. Se quiser dinheiro, paga metade dos juros somente sobre o que sacar", diz a diretora do banco mineiro. "É um produto brilhante. Damos crédito em cima de recebíveis e o cliente tem uma forma de pagamento digital", completa.
Os cartões hoje são os instrumentos de crédito mais rentáveis do Bonsucesso. Por outro lado, ajudam a destravar o segmento de PF e middle market, vitais para a economia brasileira. "Estamos no caminho certo. Nossas apostas vão se concretizar em 2014", garante Juliana.
As iniciativas do Bonsucesso para destravar e agilizar o crédito mostram que, apesar do cenário de incertezas, há espaço para crescimento econômico no Brasil. A criatividade da iniciativa privada pode ajudar..
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