sexta-feira, 9 de maio de 2014

Atestado de óbito

     Na terça-feira, postei neste blog que o Estado brasileiro estava morto. Que ninguém mais acredita nas instituições, o que explicaria as barbáries e selvagerias que temos visto todos os dias nos noticiários, como o recentemente linchamento de uma dona de casa no Guarujá.
     Pois bem. O atestado de óbito apareceu. Segundo notícia publicada hoje na imprensa, pesquisa realizada em março com 2 mil pessoas pelo Núcleo de Pesquisas em Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (NUPPs) mostrou que 70,5% dos brasileiros não confiam nas leis. Daí, o sentimento de impunidade. E pior: 76,3% não confiam no Congresso. Daí o sentimento de exclusão das decisões que definem o rumo do país. Mas 78% confiam no Corpo de Bombeiros. Segundo a pesquisa, tais sentimentos começaram a aparecer - e piorar - a partir de 2006.
     Esses dados são de uma gravidade nunca antes vista na história desse país. Os brasileiros não acreditam no Brasil. Não acreditam nas instituições que deveriam representá-los. Daí o vandalismo, a destruição, a justiça pelas próprias mãos. Daí a barbárie.
     Há muito em jogo nesses números. O futuro do país está em aberto. Estamos vivendo um momento extremamente delicado da história nacional. Há um cansaço enorme com a política, com as instituições, com a leis, com promessas não cumpridas, com corrupção. Estamos vivendo numa terra sem lei. E a corrupção se concentra no andar de cima da escala do poder político e econômico, da elite, que deveria ser responsável por um país sadio e confiante. Ah, 73,7% disseram não acreditar nos empresários.
     Há um vácuo onde deveria haver esperança e confiança. Como a física nos ensina que não existem espaços vazios, esse vácuo pode ser ocupado a qualquer momento por alguém ou alguma coisa que não seja boa para os brasileiros.
     Os governantes brasileiros, de todos os níveis de poder (federal, estadual e municipal) precisam observar com atenção os números dessa pesquisa. Presidente, governadores, deputados, senadores, vereadores, prefeitos, juízes, magistrados, empresários, cidadãos comuns.... olhem esses números.
     É preciso resgatar a esperança de uma nação. A confiança nas instituições.
     Caso contrário, só nos restará eleger um integrante do Corpo de Bombeiros para a Presidência da República. Ou algo pior.    

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