A propaganda eleitoral que foi ao ar recentemente do Partido Progressista (PP), que em Minas apoia o PSDB e, em Brasília, o Palácio do Planalto, deixa clara a tarefa prioritária e primordial dos coordenadores da campanha de Pimenta da Veiga (PSDB) ao governo do estado: construir a imagem do candidato.
Uma das missões da propaganda, claramente, é mostrar para o eleitor que Pimenta da Veiga faz parte do grupo político do senador Aécio Neves (pré-candidato do PSDB à presidência da República), do ex-governador Antonio Anastasia (candidato ao Senado), do presidente da Assembleia Legislativa, Dinis Pinheiro (vice na chapa de Pimenta) e do atual governador, Alberto Pinto Coelho (PP). Ou seja, a missão da campanha, nesta etapa, é colocar um pedigree em Pimenta, que, após ser ministro das Comunicações no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), afastou-se da política e do eleitorado. É identificar Pimenta como integrante do grupo aecista, que controla Minas Gerais há mais de uma década. É mostrar que Pimenta não é apenas um "poste", um nome surgido do nada, embora seu recall com o eleitor esteja bastante defasado.
É a esse grupo que Pimenta deve os 16% das intenções de voto segundo pesquisa Vox Populi divulgada ontem, ante os 29% do oponente, Fernando Pimentel, do PT.
Ainda tem água demais para correr sob essa ponte. O grupo de Aécio precisa intensificar a consolidação da imagem de Pimenta, tarefa que se estenderá campanha adentro. Os 16% que declararam intenção de voto no tucano estão simplesmente ressaltando apoio ao grupo que está no poder em Minas há tanto tempo. Sozinho, o nome "Pimenta da Veiga" não significa muito para a maior parte do eleitorado. Mas infla quando é associado a Aécio, Anastasia, Dinis e Alberto, como faz a propaganda do PP.
A tarefa de Pimentel é menos difícil. Além de ter o recall de sua recente administração de Belo Horizonte (bem avaliada), ele foi, até pouco tempo, ministro do Desenvolvimento do governo Dilma. Mas aí também pode residir uma armadilha para o petista: o governo Dilma não foi exatamente uma benção para Minas Gerais. Obras sempre prometidas, como metrô, Anel Rodoviário e duplicação da 381 ainda não saíram do papel. Por mais que Dilma distribua tratores a prefeitos, seu governo (e o do presidente Lula) deixaram a desejar em relação a Minas, embora tenham sido pródigos e generosos com governos de estados aliados.
Que o digam o Rio de Janeiro e Pernambuco (hoje, o governador pernambucano Eduardo Campos, do PSB, integra a oposição e é também pré-candidato à Presidência). A boa avaliação de Campos em Pernambuco deve-se, em grande parte, à mão amiga do ex-presidente Lula: o estado ganhou uma refinaria da Petrobras (aliás, em outro aparente de "erro" da estatal, já que a obra está saindo por um preço bem mais alto que o original), um porto moderno e uma parte da Fiat Automóveis - essa, num último gesto de bondade de Lula, já no apagar das luzes de seu governo, e que irritou profundamente o tucanato mineiro.
Pimentel também está preso em outro nó: não pode bater demais no PSDB, já que aliou-se a Aécio Neves na eleição do prefeito de BH, Márcio Lacerda. É sempre complicado explicar ao eleitor porque o amigo de antes virou o adversário de agora. E, cá entre nós, sua foto ao lado do ex-governador Newton Cardoso (PMDB), divulgada nas redes sociais nos últimos dias, também não ajuda muito. Erro estratégico de campanha, com impacto ainda desconhecido.
A diferença entre Pimentel e Pimenta na pesquisa ainda é grande - o petista tem praticamente o dobro. E teremos uma campanha curta, já que a Copa do Mundo monopolizará as atenções dos brasileiros (para o bem e para o mal) até meados de julho.
É certo que Pimenta ainda vai crescer. Tem apresentado um discurso mais agressivo em relação ao PT e está ao lado de um grupo bem avaliado pelos mineiros. Pimentel precisa ajustar seu foco, evitar erros desnecessários e fugir das arapucas tucanas e das trapalhadas do governo Dilma, principalmente no campo econômico. Será uma campanha nacionalizada, já que é de Minas o principal candidato das oposições ao Palácio do Planalto. Será uma campanha de padrinhos: Pimenta tem Aécio; Pimentel, Lula e Dilma. Os dois pré-candidatos têm grandes desafios à frente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário