quarta-feira, 30 de abril de 2014

A dor de Chico Ferramenta

Enquanto os olhos do PT nacional estão voltados para os problemas de saúde de José Genoíno, condenado no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), aqui em Minas um petista de carteirinha vive momentos críticos: o ex-deputado e ex-prefeito de Ipatinga Chico Ferramenta. Seu estado de saúde é grave. As sessões de hemodiálise são diárias. Há quem aposte no pior.
     Chico Ferramenta exerceu papel fundamental na transformação de Ipatinga em polo urbano e econômico regional. Ao deixar o partidarismo de lado e apostar no pragmatismo, fixando uma aliança com o então presidente da Usiminas, Rinaldo Campos Soares, abriu caminho para que Ipatinga se transformasse na cidade moderna que é hoje. Com a aliança, a Usiminas aplicou recursos próprios na infraestrutura e urbanização de Ipatinga, que seriam posteriormente abatidos dos impostos. Foi uma aliança profícua. Quem a conheceu, sabe disso.
     Chico, ex-sindicalista, teve a visão de estadista que falta em muitos dos atuais governantes do país. Merecia - e merece - mais atenção de seu partido. 

O Fator BH

O senador Aécio Neves (PSDB) deve ter recebido com satisfação a pesquisa de intenção de voto para presidente da República divulgada hoje pela CNT. Nela, a presidente Dilma Rousseff (PT), até então considerada imbatível para reeleição, sofreu uma nova queda de 6,7 pontos percentuais e agora tem 36,4% das intenções de voto, ante 21,2% do tucano. A presidente está em queda livre e o pior ainda nem chegou - as manifestações populares de junho e a provável deteriorização do quadro econômico, se nada for feito. Mantega balança no Ministério da Fazenda.
     Por outro lado, é hora de Aécio começa a se preocupar com a situação em Minas.
     Aqui, o pré-candidato do PSDB ao governo do estado, Pimenta da Veiga, ainda não conseguiu consolidar sua candidatura. Em contrapartida, seu principal oponente, o ex-prefeito e ex-ministro Fernando Pimentel (PT), vai levando sua candidatura de um jeito leve, sem bater, percorrendo municípios e tentando capturar os efeitos positivos do que lhe sobrou da máquina pública federal, como o Programa Mais Médicos e entrega de tratores a prefeitos. Tem o apoio de um PMDB dividido, mas suficiente para garantir-lhe um bom tempo de programa eleitoral em rádio e televisão. E o principal: tem a seu favor o "fator BH".
     Como vice do "doutor BH" (Célio de Castro) e ex-prefeito de Belo Horizonte (Pimentel comandou a PBH antes de Márcio Lacerda), a lembrança de seu nome e de sua administração ainda está viva na memória do eleitor da capital. Seu governo foi aprovado pelos belo-horizontinos. Sim, ele receberá pedras na vidraça, como o próprio Pimenta já recebeu. Mas o potencial de estrago das pedradas é uma incógnita, tanto de um lado quanto do outro.
     Pimenta, por sua vez, foi prefeito em 1989 e abandonou o cargo em 1990 para concorrer ao governo do Estado, numa campanha recheada de equívocos e na qual foi derrotado. Ou seja, além de o eleitor de BH já não guardar mais a memória de sua administração (ou recall), o fato de ele ter deixado o cargo também poderá servir de munição para os petistas. Some-se a isso um longo período afastado da vida pública e teremos um cenário de alerta para os tucanos.
     É verdade que, em eleições anteriores, Aécio conseguiu eleger para cargos majoritários pessoas até então desconhecidas do eleitor, como Márcio Lacerda e o próprio ex-governador Antonio Anastasia. Mas, agora, Aécio terá de cuidar de sua própria campanha presidencial. Pimenta terá de ser carregado por Anastasia (que também estará em campanha pelo Senado) e pelo governador Alberto Pinto Coelho, que chegou a ser cogitado como o ungido para a disputa pelo Palácio Tiradentes como representante do grupo de Aécio. Detalhe: seu partido, o PP, faz parte da base de Dilma do plano federal. Como se comportará Alberto Pinto Coelho?
     Nas eleições para governador do estado de 1994, um até então desconhecido ex-prefeito de BH, Eduardo Azeredo (PSDB), bateu o favoritíssimo Hélio Costa, hoje no PMDB. BH praticamente deu a vitória a Azeredo, ao forçar o segundo turno com Costa. E, ao jogar a disputa para o segundo turno, o tucano pôde enfim contar com o engajamento total do então governador Hélio Garcia. Até então reticente, Garcia viu, com o segundo turno, chances reais de vitória de Azeredo, arregaçou as mangas e virou o jogo no no interior do estado. Naquele ano, o "fator BH" decidiu as eleições. Hoje, fim de abril, Pimentel conta com o "fator BH". A questão é saber se Pimenta vai conseguir virar o jogo. 

De volta!

Prezados,
alguns ainda devem se lembrar do blog que mantive há exatos três anos. Ficou alguns meses no ar e tive que tirá-lo devido a compromissos profissionais. Agora, estou voltando.
Meu desejo é que este seja um blog de análises sobre política, economia, mundo, cotidiano. Que seja um espaço onde possamos nos encontrar e debater, com a profundidade possível, a tsunâmi de notícias que nos arrasta todos os dias. Que possa ter crônicas e sugestões de amigos. Enfim, é um blog de todos nós.
Estou feliz por estar de volta.
Tomara que todos vocês também curtam esse espaço.
Obrigado